
Beatriz's learning diary
Impressions on an short-term students exchange in Germany
Day 1 (25/03)
Foi deveras uma manhã atribulada. No dia anterior não tinha tido oportunidade de acabar de fazer a mala, portanto até ao meio dia foi uma correria à volta de casa a procurar a escova de cabelo ou ainda verificar se a garrafa de vinho que traria comigo para oferecer à minha família de acolhimento estava devidamente embrulhada.
Não sabia bem porquê, mas não me sentia muito nervosa. Desde muito pequena sempre sonhara com o dia em que participaria num intercâmbio. Habitar em casa de uma família estrangeira completamente desconhecida soava-me a mim como um desafio. Já fora perguntada por alunos acerca das condições de alojamento e quando lhes explicava eles pareciam reticentes, como que com receio de sair da sua zona de conforto.
Pois bem, há uma hora ali estava eu, à espera da carrinha do município do Sátão (“o míscaro” como a gostávamos de chamar). Quando avistei os meus dois companheiros de viagem o meu entusiasmo não conseguiu parar de crescer: o intercâmbio não era um sonho, eu estava a começar a vivê-lo realmente!
A viagem para o aeroporto do Porto foi mais curta do que me lembrava; O tempo pareceu voar entre várias conversas desde que palavras em alemão sabíamos e ainda quem é que tinha trazido mais comida para a viagem.
Às 17h apanhámos o tanto esperado voo rumo a Memmingen. A aterragem foi algo de maravilhoso: ao nosso alcance tínhamos vista por toda a região da Baviera assim como para os bonitos edifícios iluminados por já se estar a aproximar o pôr do sol.
Apanhámos um autocarro para Munique onde iríamos passar o dia seguinte. Nesse autocarro a única língua que se ouvia era o português. Para além do nosso grupo, vinha uma turma do norte de Portugal numa visita de estudo, o que foi bastante coincidência. À medida que nos fomos aproximando da cidade de Munique a quantidade de “Uaus” e “OMG” iam-se multiplicando. Parecia que estávamos numa outra dimensão, estávamos a passar por edifícios todos envidraçados com dimensões cujos nossos olhos não conseguiam detetar refletindo cores de todas as tonalidades vindas de outros edifícios.
Ao chegarmos à estação central de Munique, dirigimo-nos de imediato para o Hotel Goethe, um hotel turco onde iríamos passar a noite. Carregados com os nossos trolleys de viagem não conseguíamos parar de contemplar as ruas e bairros multiculturais pelos quais passávamos: era tudo tão diferente do que estávamos habituados. Eu não conseguia simplesmente tirar o sorriso da minha cara, cheirava-me a uma nova aventura, sabia que estava prestes a começar um novo capítulo da minha vida.
No Hotel demorei a adormecer, mal conseguia esperar para o próximo dia…
Day 2 (26/03)
Acordámos bem cedo! Sabíamos que tínhamos de tomar o pequeno-almoço o quanto antes de modo a aproveitarmos o mais possível de Munique antes de irmos para Augsburg.
Com o mapa que o rececionista do hotel nos tinha providenciado, lá nos aventurámos pelas ruas de Munique em direção ao centro. Era domingo, por isso grande parte dos estabelecimentos estavam fechados. No entanto, isso não nos impediu de “turistar” pela cidade.
Parámos na Marienplatz, onde uma avultada concentração de turistas de todos os quatro cantos do mundo parecia esperar por alguma coisa. Olhámos para o relógio: faltavam sete minutos para as onze horas. Depois de olharmos atentamente para a torre do relógio avistámos umas figuras engraçadas. Decidimos esperar pelas onze horas e ver o que acontecia.
Quando começaram a soar as onze badaladas, ouvíamos sinos de igrejas vindos de todas as direções criando em conjunto uma estranha, mas agradável sinfonia. Passados uns minutos foi a vez da torre do relógio da Marienplatz soar. A melodia muda e desta vez parece soar como uma caixa de música. As figuras começam a movimentar-se e a rodar sobre si mesmas. A uma dada altura, pareciam que estavam a contar uma história: havia um rei e uma rainha que estavam a assistir a um torneio de cavaleiros em que um dos adversários perdeu a cabeça após o confronto.
Continuamos a caminhar até que, na esquina de uma rua, nos deparamos com o Hard Rock Café. Não hesitámos a entrar no estabelecimento. Aproveitámos e comprámos as nossas primeiras lembranças da Deutschland e tiráramos fotos com as guitarras das nossas bandas preferidas.
A caminhada pelas ruas de Munique continuou e fomos passando por artistas de ruas com toda a espécie de habilidades: violinistas, homem-estátuas, cantores, etc…
Perto da hora de almoço avistámos junto a prédios comerciais, uma espécie de igreja. Qual não foi o nosso espanto ao entrarmos quando nos deparámos com uma autêntica catedral barroca. Depressa nos informámos e ficámos a saber que estávamos dentro da Catedral de S. Miguel. Ficámos a contemplar as talhas douradas e as cenas bíblicas pintadas na parede até que irrompe sem mais nem menos o som poderoso de uma primeira nota no órgão de tubos da catedral. À medida que as notas de uma música de Bach continuavam a fluir naquele imponente edifício o meu corpo gelava. Toda aquela impressionante acústica parecia estar a contagiar-me. Não pude conter um par de lágrimas.
Entretanto, a fome começava a apertar e então saímos da catedral à procura do McDonalds mais próximo. Eu e a Lara tivemos a bela ideia de pedir um menu de nuggets e qual não foi o nosso espanto quando abrimos a caixinha e nos deparamos com uma enorme quantidade de comida! Escusado será dizer que nos sobrou para o jantar…
A hora de estar na estação começava a aproximar-se. Lá voltámos nós ao hotel para buscar os nossos trolleys e dirigimo-nos para a estação central para apanhar o comboio para Ausburgo.
Já em Ausburgo estavam dois professores alemães à nossa espera com um cartaz em que se podia ler “Erasmus+”. Depressa nos separaram dos nossos professores e pela primeira vez senti-me invadida por um sentimento invulgar. Um dos professores alemães ficou encarregado de nos levar de carro para a escola, onde as nossas famílias de acolhimento estariam à nossa espera em Stadtbergen. Apesar do professor alemão tentar por conversa connosco, começava a sentir-me cada vez mais estranha. A minha confiança de antes, depressa se transformara em receio e ansiedade. Invadiam-me perguntas como: “Como será a minha nova família?”, “Será que conseguirei comunicar com eles?”, “Serão eles simpáticos?”.
No entanto, quando o professor nos avisou que tínhamos acabado de entrar no recinto escolar, vejo um grupo de pessoas concentrada. Depressa reconheço a minha anfitriã. Ainda dentro da carrinha não resisto a acenar-lhe timidamente. Ainda hoje não me consigo esquecer da sua reação. Como resposta obtenho um dos sorrisos mais calorosos que já vi junto com um outro aceno, mas com mais convicção do que o meu. Depressa os meus receios se desvanecem, assim como todos os estereótipos e outras ideias pré-concebidas que tinha sobre os alemães.
Ao sair da viatura, recolhi as minhas bagagens e qual não é o meu espanto quando recebi um abraço da minha parceira alemã, Laura.
Entretanto, sou levada de carro para a casa. A Família recebe-me super bem. Fazem-me um tour pela casa e mostram-me o meu quarto. Começo a desempacotar prendas que tinha trazido comigo para dar à minha família de acolhimento, quando de súbito a Laura bate à porta e pede para entrar. A partir daí, começamos a falar e a conversa só acabou quando fomos chamadas para jantar.
Jantámos todos em família: a mãe da Laura, o padrasto, a irmã, um meio-irmão, um enteado (que só esteve mesmo presente naquele dia), a Laura e eu.
Depois disso fui dormir. Estava ansiosa para conhecer o resto dos parceiros.
Day 3 (27/03)
Por volta das 7h15, a Laura bate à porta para me acordar. No entanto, já há muito que estava acordada. Estava muito ansiosa e então acordara por volta das 6h45, com medo de me atrasar. Às 8h15 saímos de casa e dirigimo-nos para a escola em Stadtbergen que ficava a cerca de 10 minutos a pé. A minha ansiedade parecia crescer com cada passo que dávamos. Finalmente ia conhecer os parceiros dos outros países.
Ao entrar dentro da escola, percebi de imediato que tinha chegado cedo. No hall de entrada, encontravam-se um grupo de alemãs a treinar uma coreografia e apenas uns quatro parceiros estrangeiros. Conclui que tinha sido a primeira portuguesa a chegar. No entanto, isso não me impediu de me começar a falar com os estrangeiros.
Passados uns 5 minutos, o fluxo de alunos a chegar à escola aumentava rapidamente. Não tardaram a chegar os professores que nos encaminharam para uma espécie de auditório. Lá ouvimos uma música super fofa tocada e cantada em todas as línguas do projeto e por alunos da escola. Ouvimos de seguida um discurso do diretor e uma outra música interpretada pelos alunos em instrumentos de precursão e xilofones. Posteriormente assistimos a uma coreografia criada pelas alunas do grupo de dança da escola (o que me deu um certo dejá vu, uma vez que já as tinha visto a coreografia). Depois de falar com as raparigas deste grupo fiquei super impressionada por saber que o grupo era liderado apenas por alunos sem qualquer supervisão dos professores.
De seguida, separámo-nos em grupos pequenos de estrangeiros que iriam ser guiados por grupos de alunos alemães à volta da escola. Através de QRCode’s colocados em sítios estratégicos ficámos a conhecer mais acerca de como as aulas funcionavam naquela escola.
Depois de explorarmos todos os recantos da escola, dirigimo-nos para a câmara municipal, onde assistimos a um discurso do presidente da câmara acerca da região.
Posteriormente voltámos para a escola para almoçarmos. Mais uma nova surpresa: um prato com um hambúrguer (literalmente um hambúrguer), sem sopa. A hora de almoço pareceu durar uma eternidade. Nós os portugueses, estávamos um pouco nervosos para as apresentações que faríamos da parte da tarde sobre o nosso país, a nossa localidade e a nossa escola. Não tínhamos tido muito tempo para preparar as nossas apresentações devido à grande quantidade de testes e trabalhos que tínhamos na semana anterior. No entanto, não deixámos de ser um dos grupos mais elogiado, quer pelo nosso inglês, quer pela qualidade das nossas apresentações.
Feitas as apresentações, seguimos para o centro de Ausburg. Lá, fomos novamente divididos em grupos. Desta vez, os alunos estrangeiros tinham de estar acompanhados pelos seus respetivos anfitriões. Os diferentes grupos seguiram por direções diferentes à descoberta da linda cidade de Ausburg. Estando acompanhados por apenas um professor fomos passando por diversos sítios como o City Hall, pela Perlachturum, uma torre que remonta ao século XX e ainda espaços incríveis. No entanto, o espaço que mais me marcou foi um espaço denominado de Fuggerei, construído no século XVI, funcionando como abrigo para os mais pobres desde aquela época, sendo o estabelecimento social mais antigo do mundo. Graças à explicação da minha anfitriã, fiquei ainda mais fascinada quando me contou que para viver lá era apenas necessário pagar um euro por ano!
Após visitarmos mais uns quantos monumentos, voltámos para Stadtbergen.
Lá dirigimo-nos para o bowling center, onde passámos o resto da tarde a jogar na área VIP!
Voltámos depois para junto das nossas famílias.
Day 4 (28/03)
Acordámos mais cedo do que habitual. Tínhamos de apanhar um comboio para Munique onde iríamos passar o dia todo.
Depois de uma hora e um pouco de viagem, dirigimo-nos para o Fab lab, onde iríamos ter dois workshops de coding.
Depois de divididos em dois grupos começaram os workshops. No primeiro em que participei, tínhamos de gravar palavras em madeira, através de um programa ligado a uma impressora especial a 3D. Foi muito mais difícil do que pensava, no entanto pudemos levar para casa um porta-chaves feito por nós!
Depois de uma pausa para lanchar, mudámos de workshop. Desta vez, aprendemos a “hackear” o famoso jogo Minecraft, através de um outro programa.
Da parte da tarde fizemos sightseeing, novamente guiados por alunos alemães. Graças a estes passeios liderados pelos parceiros alemães, pudemos conhecer-nos uns aos outros e começar a fazer novas amizades.
Depois de umas duas horas a passear pelas ruas de Munique, metemo-nos no comboio e voltámos para Stadtbergen.
Voltei para junto da minha família. Na hora de jantar, qual não foi o meu espanto quando me chamam para jantar. A Laura e a sua irmã Sophia estavam vestidas com os trajes tradicionais da Baviera. Em cima da mesa, estava um tacho com salsichas brancas, uma cestinha com bretzels e outros pratos tradicionais. Como decoração, havia ainda uma bandeirinha da Baviera dentro de um copo. Enquanto comíamos ao som de uma marcha típica da região a conversa à mesa não parecia terminar. No final do jantar, tive ainda direito a um concerto de violino tocado pela Sophia. Foi simplesmente fenomenal! A minha pele estava toda arrepiada e o meu coração estava a derreter… tenho que admitir que tive de conter umas quantas lágrimas.
A seguir fui dormir. Estava híper contente. Era oficial, pertencia agora àquela família.
Day 5 (29/03)
Acordei às 7h15, o habitual. Era apenas o terceiro dia a viver naquela casa e, no entanto, já tinha criado uma certa rotina.
Já na escola, fomos divididos em três grupos e fomos experimentar trabalhar com três diferentes aplicações: uma que ajudava a treinar o cálculo mental efetuando operações matemáticas, uma para aprender alemão desenhada para ajudar os refugiados que viessem viver para a Alemanha (separada em lições com conteúdos úteis para o dia a dia), uma aplicação em que se faziam grupos de alunos, cada um no seu computador, e tinham que responder a um quiz competindo uns contra os outros, a equipa vencedora seria aquela que acabasse o questionário mais rápido e com mais respostas certas. Foi muito bom ver o entusiamo dos alunos, a competir uns contra os outros de forma saudável ajudando-se uns aos ouros. Por último usámos o geogebra, um já velho amigo que usamos por vezes nas aulas de matemática.
Gostei particularmente de experimentar as diferentes aplicações em salas diferentes, uma vez que eram os próprios alunos a explicar-nos como funcionavam.
Depois destas demonstrações, voltámos para o anfiteatro da escola onde desta vez nos dividiram em dois grupos: um formado apenas com raparigas e outro por rapazes. Achei estranho, porque nos haveriam de separar? Olhei para o programa e dizia: “joint cooking”, “techinc” e “handcrafts”.
O grupo de raparigas foi encaminhado para a sala especial que a escola tem para as aulas de cozinha. O meu primeiro pensamento foi “NÃOOOOOOO! Eu não quero cozinhar! Onde estarão os rapazes? Estarão a fazer algo melhor?” Relutante, com a palavra “machismo” a soar na minha mente vezes sem conta, lá me juntei ao grupo.
Haviam quatro bancadas diferentes e, por isso tínhamos de formar um grupo para cada bancada. Não tardei a receber o convite das italianas para me juntar ao grupo delas. Ainda um pouco apreensiva não pude deixar de perguntar se tinham alguma experiência a cozinhar. Depois de olharem uma para a outra com uns risinhos, responderam-me que estavam numa escola de cozinha. Fiquei imensamente aliviada: sabia que teria ali alguém que me ajudasse no que quer que fosse preciso.
Posteriormente foram-nos explicadas as receitas que teríamos que executar: chili com carne, um prato de pasta vegetariano e uma sobremesa que se assemelhava a um mouse especial de chocolate.
As duas horas seguintes passaram a voar. Entre tentar traduzir uma receita em alemão com o pouco de alemão que sabia, a derramar lágrimas que pareciam conseguir encher o mar mediterrâneo ao cortarmos a cebola o resto da manhã passou de uma forma bastante atribulada. Fiquei bastante orgulhosa com o produto final: para uma cozinheira com zero experiência tinha conseguido confecionar um mouse delicioso.
À hora de almoço lá apareceram os rapazes esfomeados. Pareceram todos gostar da comida (até porque alguns repetiram).
Da parte da tarde fomos novamente divididos em grupos. Ainda quando estávamos em Portugal tivemos de optar por um desporto entre quatro que ofereciam entre equitação, basketball, autodefesa ou escalada. Como nunca tinha experimentado equitação decidi aproveitar a oportunidade.
Foi uma tarde incrível. Estava excecionalmente quente para uma primavera alemã (os próprios professores alemães explicaram-nos). Aprendemos o básico: como tratar de um cavalo, como escová-lo, pôr-lhe o selim, etc… E obviamente, a andar de cavalo. Depois de meia-hora a andar e a trotar no cavalo fiquei exausta. Nunca pensei que fosse tão cansativo!
Por volta das quatro da tarde já estávamos despachadinhos. Voltámos para a casa dos nossos parceiros para descansarmos pois à noite haveria uma festa. Além disso tinha que tomar outro banho. Digamos que o cheiro forte a cavalo não é o mais agradável….
Por volta das 19h lá me encontrava com a minha parceira à porta do Inside, uma espécie de clube para menores. Um conceito totalmente novo para mim. Lá dentro não havia nem fumo, nem álcool. Havia um DJ que passava os hits da altura e no bar vendiam-se apenas refrigerantes e havia à disposição de todos fatias de pizza. Dentro estavam apenas alunos da escola e pudemos dançar todos juntos até às 21h quando fecharam o Inside.
Voltei para casa. Toda aquela agitação cansara-me. Eram horas de dormir!
Day 6 (30/03)
Já era quinta feira! Começava já a sentir a semana a acabar. Já tinha feito grandes amizades e tinha apenas mais dois dias para as aproveitar.
Desta vez pudemos acordar um pouco mais tarde. O encontro era apenas às 9h15 na escola onde apanharíamos um autocarro que nos levaria para Allgäu. Após cerca de 1h30 de viagem chegámos ao nosso destino.
Não consegui resistir em soltar uma dúzia de Wow’s e Uau’s. A paisagem parecia ter sido tirada de um filme. Aquilo era um autêntico Éden, com paisagens verdejantes que cobriam o panorama recortado de montanhas que se assemelhavam a bolos de chocolates cobertos por uma espessa camada de chantili de fazer perder a vista.
Os professores encaminharam-nos para uma fábrica de queijo onde nos fizeram assistir a um documentário sobre a sua produção. Depois, visitámos um museu com armazéns munidos de um poderoso arsenal com queijos enormes que, segundo o que ouvira, chegavam a pesar 80kg.
Depois de visitarmos o museu, ofereceram-nos umas amostras de queijo. Escusado será dizer que durante toda a nossa estadia no museu fomos acompanhados de um cheiro forte. Foi bastante revigorante voltar a sentir o ar puro das montanhas quando saímos do museu.
A seguir almoçámos num restaurante tradicional, em que as empregadas de mesa se vestiam com as roupas tradicionais da Baviera.
A seguir voltámos para o autocarro e percorremos mais uns quantos quilómetros até chegarmos a um local muito especial. O castelo Neuschwanstein. Não sei se consigo encontrar as palavras certas para o descrever. Pois bem, parecia um daqueles castelos das princesas da Disney. Localiza-se no cimo de uma colina o que o tornava mais encantado. Tinha umas torres altas e estreitas que se assemelhavam à torre da Rapunzel.
Pois bem, tínhamos um guia lá dentro à nossa espera que nos explicou que aquele castelo tinha sido construído por um rei fascinado pela cultura greco-latina, o que se notava pelas colunas clássicas espalhadas por todo o palácio. Todas as paredes estavam cobertas de frescos que remontavam a histórias com cavaleiros e donzelas medievais ou a florestas exóticas fazendo qualquer espetador se perder naqueles mundos distantes e fantásticos.
Depois de caminharmos um pouco à volta do castelo, voltámos para o autocarro.
Voltámos para junto das nossas famílias anfitriãs. Uma certa inquietação incomodava-me. Sabia que o dia seguinte seria o último.
Day 7 (31/03)
Às nove horas encontrámo-nos na escola. Íamos novamente apanhar um autocarro, desta vez para a cidade de Nördlingen. Segundo o que nos contaram, esta cidade terá sido construída em cima de uma cratera de um meteorito de 1.5km de diâmetro. O impacto terá criado milhares de pequenos diamantes e quartzos.
Passeamos pela cidade acompanhados pelos alunos alemães.
Depois voltámos para junto das nossas famílias. Tínhamos tarde livre.
A Laura e a irmã decidiram levar-me para a city galley para fazermos compras. Depois de algum tempo ficámos com fome. Fomos a um restaurante de sushi, e comemos até à exaustão durante uma hora, cercados por pratos de sushi a circular pela vitrine.
Voltámos para casa. Não me apetecia nada começar a fazer as malas. Queria ficar ali para sempre! No entanto, sabia que às 10h tinha que estar prontinha na estação de autocarros.
Ainda era cedo e eu estava aborrecida no meu quarto a estudar um pouco para os testes que teria na próxima semana. Até que de repente, ouço um “knock-knock” na porta do quarto. E pergunto “Yes?” como de todas as vezes que me batiam à porta do quarto. Era a Laura. Aparentemente algumas raparigas queriam-se encontrar num parque e perguntaram-me se eu queria ir com elas. Sem hesitar, pego no meu casaco e nos meus ténis e espero pela a Laura para sairmos juntas.
O sol estava a começar a pôr-se. Estávamos num parque junto de um bairro de imigrantes onde viviam as raparigas que nos tinham convidado. Já tinha falado com elas na festa e noutras atividades em que nos tinham acompanhado. Eram extremamente simpáticas. Falámos sobre os países de onde elas vinham, sobre a Alemanha e perspetivas para o futuro. Devo dizer que fiquei bastante fascinada com a quantidade de nacionalidades que ali habitavam e como todos se davam bem e respeitavam as suas diferenças. Chama-se multiculturalismo e parece estar em vias de extinção com o crescimento de movimentos populistas na Europa.
Já se estava a fazer tarde. Eram horas de ir e, depois de terem sido trocados todos os contactos lá fomos embora, cada qual no seu caminho. Apesar de um esforço enorme, irrompi em lágrimas: aquele era o último dia do intercâmbio e eu não queria deixar os amigos que tinha acabado de fazer.
Sob um silêncio melancólico continuou a minha viagem a casa. Estava exausta e então, adormeci.
Nördlingen
Rocha formada após um impacto de um gigante meteorito
Day 8 (1/04)
Acordei lá para as 9h. Depois de me preparar tive direito a um pequeno almoço especial. Estava toda a família reunida à mesa e, depois tive direito a um outro concerto de violino da Sophia. Novamente, o meu coração derreteu. Sabia que iria ter saudades daqueles concertos.
Depois já eram horas de ir para a estação. Despedi-me da Sophia com inúmeros abraços. Nesta altura tinha já os olhos a humedecerem. Também me despedi do Michael que apesar de não saber falar em inglês (ele tinha apenas 10 anos e nunca aprendera na escola) não deixara de se relacionar comigo. Segundo compreendi de uma conversa em alemão, o Michael queria também vir à estação para se despedir de mim. Mas como estávamos apertados no tempo, ele ficara por casa. Nunca me irei esquecer da nossa despedida: O Michael a ficar cada vez mais pequeno, a acenar constantemente até se confundir com as árvores da rua.
Ao chegar à estação apercebi-me de que lá estavam outros alunos da escola que vieram de propósito despedir-se de nós. Apesar dos muitos abraços e de tantas vezes dizer “I will miss you” nem uma lágrima foi derramada… pelo menos não naquela altura.
Por volta das 10h45 apanhámos um comboio para a cidade de Ulm, terra natal do senhor Einstein. Quando saímos da estação fiquei maravilhada com a cidade. Estávamos perante uma rua de estabelecimentos comerciais. Depois de almoçarmos no McDonalds pusemo-nos à descoberta da cidade. Visitámos um centro cultural com fotografias e alguma informação sobre Einstein. Continuámos a passear pela cidade pelas próximas horas.
De seguida, apanhámos um autocarro para o aeroporto de Memmingen.
Por volta das 21h apanhámos o voo de volta para Portugal.
Até já, Alemanha!
Impressão global
Foi sem dúvida a melhor semana da minha vida! Conheci pessoas que sei que vão ficar para sempre comigo. Para além disso, aconteceu algo de que não estava à espera: tive a chance de conhecer de uma forma única os meus colegas de viagem. Queria agradecer-vos por partilharem comigo esta experiência incrível e que venham mais!
Tenho também de mencionar que foi incrível o facto de os alunos alemães nos acompanharem em todas as atividades. Graças a esse facto conseguimos desenvolver uma relação especial não só com os nossos anfitriões mas também com todos os outros alunos.
Obrigada por tudo
Tschüss!