Experiência única de aprendizagem
Projeto ERASMUS+KA1 "Bridging the Gap", coordenador EduFor
Atividade de Mobilidade para participação de docentes em Curso Estruturado
Seis docentes de áreas disciplinares distintas (Português, Matemática, Inglês e Educação Visual), dos Agrupamentos de Escolas de Mangualde, Sátão e Vila Nova de Paiva, instituições parceiras no consórcio do Projeto ERASMUS+KA1 "Bridging the Gap - Boas Práticas para uma Gestão Integrada do Currículo" - n.º 2019-1-PT01-KA101-060330, desenhado e coordenado pelo Centro de Formação EduFor, tiveram a oportunidade de participar no curso “CLIL” – Content and Language Integrated Learning, dinamizado pelo International Training Centre. O curso teve lugar de 7 a 11 de março de 2022, na encantadora cidade imperial de Praga, na Chéquia.
O que é o CLIL?
O CLIL (Content and Language Integrated Learning) é uma abordagem integrada em que são trabalhados os conteúdos específicos de determinada disciplina com os alunos na língua estrangeira. Assim, professores e alunos desenvolvem a capacidade para pensar, interagir, compreender e aplicar conhecimentos e comunicar numa língua estrangeira. Esta abordagem promove uma atitude positiva de autoconfiança face à aprendizagem de línguas, estimula a consciência cultural, a internacionalização, preparando os alunos tanto para participarem em atividades de parceria transnacional, como para a sua vida académica e a sua carreira profissional.
Os nosso formadores
Petra Vallin
Licenciada na área de Formação de Professores do Ensino Básico, especialização Língua Inglesa, pela Faculdade de Educação, Charles University, em 2009. Mestre em Pedagogia pela Faculdade de Educação, Charles University, em 2011. Doutorada em Pedagogia pela Faculdade de Educação, Charles University, em 2017. Tema da tese: Implementação de CLIL no ensino primário.
Emil Velinov
Formado em Engenharia Industrial pela Faculdade de Economia Empresarial de Sófia, Bulgária. Seguiu-se o mestrado em gestão de produção e operação na Universidade Técnica de Sofia, doutoramento na Faculdade de Administração de Empresas da Universidade de Economia e Negócios de Praga em 2017.
Como foi desenvolvido o curso?
O curso foi organizado em 15 módulos temáticos trabalhados ao longo de 5 dias, em que houve também tempo reservado para a aprendizagem informal, deambulando nas ruas românticas de Praga.
As sessões de formação foram ministradas por Petra Vallin.
Dia 1:
Após uma divertida atividade de interação entre os participantes para as habituais apresentações (The LadyBird), foi possível perceber que a maioria dos participantes eram oriundos de países do sul, como Espanha, Itália e Portugal, estando os portugueses em maioria.
Nesta sessão, foi feita a apresentação da abordagem CLIL, a sua história, os fundadores, os países precursores da abordagem na Europa e a abordagem do ensino bilíngue, através de uma metodologia ativa.
Foram, ainda, apresentadas as recomendações da União Europeia a respeito da aprendizagem das línguas estrangeiras e da implementação da abordagem CLIL e alguns exemplos paradigmáticos de países que implementam o CLIL. A sessão culminou numa discussão sobre as vantagens e as desvantagens e desafios da abordagem.
Da parte da tarde, os participantes foram brindados com uma visita guiada ao centro histórico de Praga, denominado Staré Město (a Cidade Velha).
Dia 2:
Na sessão da manhã, o nosso anfitrião foi o Emil Velinov que apresentou as ferramentas com potencial para a colaboração entre professores e alunos e a avaliação digital: o Classdojo e o Storyjumper, assim como o recurso ao QR Code.
Na sessão da tarde, voltamos a estar com a Petra Vallin que nos apresentou diferentes estratégias de ensino aprendizagem para o CLIL, nomeadamente para o ensino básico e secundário, e encerrou a sessão com um exemplo prático de uma aula CLIL.
Dia 3:
A sessão foi dedicada ao tema da planificação de aulas CLIL. Foram apresentados os princípios orientadores para uma boa aula CLIL: Variedade dos recursos, das estratégias que permitirá cativar o interesse e manter os alunos motivados; open-endedness (abertura), consiste em propor atividades de resposta aberta que permita ao aluno expressar-se; e language Scaffolding que consiste em dar ao aluno algum apoio, como pré-requisitos ou uma lista de vocabulário ou expressões/ funções de linguagem, para que o aluno possa progredir na aprendizagem. Cada princípio foi ilustrado com alguns exemplos de atividades que também experimentamos para identificarmos as potencialidades e possíveis desafios na sua integração nas nossas aulas.
Dia 4:
A Petra introduziu o método RWCT (Reading and Writing for Critical Thinking) que tem como objetivo promover a escuta ativa, a comunicação e interação, a reflexão, o pensamento crítico e a cooperação. Fomentou a experimentação de algumas estratégias centradas nos alunos promotoras da interação e comunicação como: “Tell us…”, “Draw what you know” e “Yes/ No cards” que permite fazer revisão das aprendizagens; a técnica I.N.S.E.R.T. (interactive noting system for effective reading and thinking) para identificação de necessidades de aprendizagem, aprendizagens em desenvolvimento ou aprendizagens realizadas; “Double Diary” para exploração de conteúdos em recursos diversos; o Método HHH (Head, Heart, Hand) ou “Exit ticket” para promover a autorreflexão sobre as aprendizagens realizadas.
Dia 5:
Depois da introdução de recursos e publicações sobre a abordagem CLIL, foi feita uma reflexão conjunta sobre as estratégias de avaliação mais adequadas para esta abordagem, tendo sido apresentadas no âmbito da modalidade da avaliação formativa a avaliação por check lists ou rubricas, uma prática com a qual estávamos todas familiarizadas, fruto da participação das nossas instituições no projeto Maia, nomeadamente. A sessão foi concluída com recomendações sobre a implementação do CLIL.
O que trouxemos?
Depois de sete dias extremamente enriquecedores, tanto do ponto de vista profissional como emocional, resta-nos, agora, proceder à aplicação dos métodos e estratégias pedagógicos que nos foram apresentados, no âmbito da abordagem CLIL, escolhendo aqueles que melhor respondem aos objetivos que se pretende atingir, de acordo com as características de cada uma das nossas turmas.
Certas de que proporcionaremos aos nossos alunos novas experiências de aprendizagens, que terão, indubitavelmente, um impacto positivo no seu percurso académico, cabe-nos partilhar também com a restante comunidade escolar este novo saber/saber-fazer adquirido durante a formação. Interessa-nos elucidar os nossos pares pedagógicos sobre a experiência inovadora que é o CLIL, e enfatizar a importância do ensino de uma língua estrangeira em contexto, tida por especialistas como uma mais-valia não só para a aprendizagem dessa língua per se, mas também para o processo de ensino-aprendizagem de conteúdos de diferentes áreas. Ao integrarem no seu projeto esta abordagem bilingue, já disseminada em vários países da Europa e do resto do mundo, as escolas estão a promover nos alunos uma atitude positiva de autoconfiança face à aprendizagem de línguas, assim como a estimular uma consciência multicultural, que lhes proporcionará uma visão e sensibilidade plural quando confrontados com a resolução de grandes desafios profissionais e sociais que os esperam no futuro.
A implementação do CLIL permite aos nossos alunos estarem preparados não só para se sentirem à vontade com uma língua estrangeira, neste caso inglesa, como para poderem frequentar instituições de ensino em qualquer parte do mundo (sabemos que muitos dos nossos alunos completam a sua formação fora do país). Vivemos numa aldeia global e cada vez temos mais portugueses a mostrar o seu valor no estrangeiro.
Abaixo, partilhamos o link para o Padlet onde podem aceder aos recursos e apresentações.
Uma experiência cultural inolvidável
Prague never lets you go… this dear little mother has sharp claws–Franz Kafka
A cidade de Praga
A História de Praga, também conhecida como “A Cidade Dourada”, “A Cidade das Cem Torres” e “O Coração da Europa”, é recontada em cada rua, praça ou edifício, desde a toponímia associada aos diferentes marcos históricos até à estatuária dispersa pelos vários espaços citadinos. O centro histórico de Praga é, efetivamente, merecedor de pertencer à lista do património mundial da UNESCO desde 1992. A cidade de Praga é encantadora, repleta de história e cultura, um destino perfeito para quem procura cultura e pretende mergulhar em história, arte, música e arquitetura.
O Relógio Astronómico, a Praça da Cidade Velha, a Ponte Carlos e o Castelo de Praga são quatro atrações imperdíveis, mas quem ousa seguir caminhos menos óbvios é recompensado por uma Praga em constante metamorfose, com esculturas invulgares nas ruas, galerias de arte e parques, que permitem observar a cidade como se fosse um silencioso quadro num museu. Neste passeio alternativo por Praga, encontramos a obra do escultor David Cerny espalhada pela cidade, tanto no centro histórico como em zonas menos turísticas. Cerny está presente no quimérico da cidade como símbolo de irreverência e instigação. Por exemplo, Praga poderia ter, simplesmente, um busto convencional de seu maior escritor, Franz Kafka, mas escolheu exibir uma gigante cabeça metálica do autor, formada por dezenas de discos que se movem de forma aparentemente aleatória. Outro exemplo é uma estátua equestre de São Venceslau em que o santo padroeiro da República Tcheca aparece montado num cavalo morto.
O Rio Moldava ou Vltava, em checo, é um rio da parte ocidental da Chéquia, é o rio de maior extensão do país, percorrendo um total de 430,3 km; passa pela cidade de Praga, existindo nesta cidade 18 pontes que o atravessam, entre elas a famosa Ponte Carlos. Tivemos a oportunidade de realizar uma travessia noturna deste rio, onde fomos premiadas por uma cidade deslumbrante, cheia de luz, com uma sequência interminável de edifícios arquitetonicamente perfeitos e de uma beleza ofuscante. Destacamos, por exemplo, a Casa Dançante, desenhada pelo arquiteto Vlado Milunić, em cooperação com o arquiteto canadiano Frank Gehry, construída entre 1994 e 1996. Este edifício foi originalmente identificado como Fred e Ginger (Fred Astaire e Ginger Rogers, pois remete vagamente para um par de dançarinos) e está situado entre os prédios neobarroco, neogótico e art nouveau pelos quais Praga é famosa.
Por outro lado, a beleza natural da cidade levou-nos a 140m de altura, ao Monte Petrín, um dos lugares privilegiados para admirar toda a beleza da cidade de Praga. Com a sua torre, semelhante à estrutura da Torre Eiffel, apenas com 60m, é o miradouro mais alto, pois fica a 200m de altitude do Rio Moldava. Outra vista fantástica da cidade situa-se do outro lado do rio em Vyšehrad, onde se encontra a Basílica neogótica de São Pedro e São Paulo e uma muralha com jardins e passeios pedestres.
Praga foi reconhecida como a terceira grande cidade mais cultural e criativa da Europa, num estudo de 2017 da Comissão Europeia. Ao longo da nossa estadia em Praga, pudemos fruir dessa vibração cultural, em várias situações. Visitamos Museus, como o Museu Nacional de Praga, que é um dos principais museus da cidade, constituído por diversos edifícios, cujo edifício principal, de estilo neorrenascentista, fica situado no fim da praça de Venceslau, o Museu do Comunismo, o Museu dedicado ao pintor modernista Alfons Mucha, situado no palácio barroco Kaunický, em pleno centro de Praga, o Museu do Gueto, em Terezin, e o Museu da Miniatura, no Monte Petrín.
Uma cultura vibrante em palco
Desfrutamos, ainda, de uma maravilhosa performance pelo Ballet Nacional Checo, inspirada no romance de Franz Kafka, datado de 1914, O Processo, com coreografia do italiano Mauro Bigonzetti, no Teatro Nacional de Praga. A produção moderna, repleta de reviravoltas dramáticas, reproduz a história de Josef K., que acorda aos 30 anos, e encontra ao lado da sua cama três polícias que querem prendê-lo por motivos que ele desconhece. O protagonista desorientado e incrédulo é, posteriormente, transportado para uma máquina judicial que o arrasta para um turbilhão de eventos estranhos. Ainda durante a escuridão do sono, entra uma mulher vestida de folhas de papel, simbolizando o destino e o julgamento que vai travar contra o protagonista. Os meandros da acusação de que é alvo Josef K. nunca lhe serão revelados, mas não se afastam muito de pesadelos os processos reais que tramitam nos vãos da estrutura pesada, arcaica, burocrática e surreal das instituições zelosas da Justiça. Também por isso, Franz Kafka terá sempre o mérito de ter retratado, no início do século passado, a sociedade de muitos povos, com a fidelidade e a crueza dignas de elevar a sua obra à imortalidade.
Assistir à estreia do bailado clássico de A Bela Adormecida de Tchaikovsky, no State Opera foi uma experiência indescritível.
Estando em Praga, não poderíamos perder a oportunidade de assistir a uma peça de Teatro Negro “Afrikania”, representação cénica muda, originária de Praga, que se caracteriza pela atuação de personagens flutuantes que se apresentam com jogos de luzes fluorescentes que contrastam com a escuridão do cenário.
A gastronomia checa
Importa, ainda, mencionar a gastronomia tipicamente Checa, que saboreamos ao longo da nossa estadia. Curiosamente, o alimento mais presente na grande parte dos pratos checos é a tão nossa “batata”. Porém, é confecionada de forma muito peculiar, concretamente no prato designado por “Svíčková na smetaně”, composto por carne com molho à base de Smetana (traduzido por natas, típico em muitos países eslavos), geralmente servido com geleia de cranberries, chantilly e dumplings de pão (Knedlínky). Outra iguaria checa, considerada o prato mais típico, é conhecida por Vepřo, Knedlo, Zelo, que consiste em porco assado, dumplings de pão e repolho. Não podemos também deixar de referir o Gulšá, carne de vaca cozida lentamente num molho intenso de paprica acompanhado de Knedlínk, fofas fatias de pão de trigo. O Smažený Sýr, queijo empanado e frito, geralmente servido com batatas cozidas e molho tártaro, que também pode ser servido em sanduíche por vendedores de rua, feito com Edam ou com Hermelín, um queijo tcheco que parece Camembert, foi também uma das nossas provas gastronómicas em Praga.
Para adoçar não podemos deixar de referir o “TRDELNÍK” – aquele rolo enorme de massa frita com açúcar e canela que se vende em cada esquina da cidade. Não sendo originário da Chéquia é, sem dúvida, um dos doces mais conhecidos da cidade da Praga.
Agradecimentos
Gratas por uma experiência tão enriquecedora, e porque vivenciamos uma semana de partilhas multiculturais e motivadoras, resta-nos expressar o nosso agradecimento a toda a equipa EDUFOR, por nos ter selecionado para a frequência deste curso. A mundividência cultural, de boas práticas pedagógico-didáticas, e o contacto com outras maneiras de ser e de estar na docência fomentou em nós o interesse por partilhar todos os conhecimentos adquiridos e implementar as metodologias apre(e)ndidas, no seio dos nossos grupos disciplinares dos Agrupamentos de Escolas a que pertencemos.
Deixamos, assim, o nosso reconhecimento ao EDUFOR, e que o nosso regozijo seja um incentivo a que outros docentes participem e desfrutem de uma experiência tão profícua como a que vivemos, de 5 a 11 de março, na República Checa!
Autoras:
Elisabete Almeida (A.E. de Sátão)
Fátima Coelho (A.E. de Vila Nova de Paiva)
Mafalda Fernandes (A.E. de Mangualde)
Maria Silva (A.E. de Sátão)
Sónia Ferreira (A.E. de Vila Nova de Paiva)
Vilma Silvestre (A.E. de Mangualde)